sexta-feira, 13 de março de 2015

O maniqueísmo do Partido Socialista e do Partido Social Democrata acerca dos pobres e reformados

 

Vamos tentar analisar este texto (aqui, em PDF).

Diz-se, no texto, que é preferível a ajuda em géneros (comida) aos pobres e reformados (defendida pelo Partido Social Democrata de Passos Coelho, e aparentemente também pelo CDS/PP de Paulo Portas), do que a ajuda através de prestações pecuniárias (em dinheiro), dadas aos mesmos pobres e reformados, pela SS (Segurança Social) — posição esta defendida pelo Partido Socialista de António Costa.

A posição do Partido Social Democrata é a de que a ajuda em géneros (comida) é mais justa e mais protectora dos pobres e reformados, quando comparada com a posição do Partido Socialista — em um contexto de gestão da pobreza que, alegadamente, decorre de escassez de recursos financeiros do país.

Ambas as posições partem do princípio de que pobreza é sinónimo de miséria, no sentido em que o pobre é aquele que vive apenas para não passar fome; nenhuma das posições reconhece ao cidadão (neste caso pobre e/ou reformado) qualquer potencialidade que possa ser útil à sociedade. Em ambas as posições, o pobre ou/e reformado é tratado como algo que poderia perfeitamente ser dispensável pela sociedade, como uma espécie de “imobilizado” contabilístico cuja despesa poderia ter sido evitada.

 

trabalho_comunitario

Eu, que tento seguir os conceitos da Doutrina Social da Igreja Católica, vejo o problema de outra maneira: as ajudas aos pobres e/ou reformados são positivas, mas estes não devem ser concebidos como um imobilizado contabilístico: é preciso que as ajudas, tanto em géneros como em dinheiro, confiram ao pobre uma dignidade enquanto pessoa.

É preciso que as pessoas que recebem essas ajudas (géneros e dinheiro) possam sentir-se gratificadas com qualquer contributo concreto que possam dar à  sociedade, no sentido em que se sintam “úteis” (no bom sentido da palavra) à  comunidade.

trabalho_comunitario-2É preciso pôr os Centros de Emprego e a SS (Segurança Social) a trabalhar (aquela gente trabalha pouco); é preciso maior criatividade por parte da máquina do Estado, no sentido em que, por exemplo, um reformado pobre possa dar, segundo as suas possibilidades específicas e características individuais, um qualquer contributo para a comunidade que justifique não só a ajuda em géneros, mas também a ajuda pecuniária do Estado (as duas coisas juntas).

Quando um pobre ou reformado contribui — de qualquer modo e à  sua medida — para a sociedade, passa a merecer não só a ajuda em géneros (do Partido Social Democrata) mas também a ajuda pecuniária (do Partido Socialista). Acaba-se assim com a dicotomia maniqueísta do utilitarismo do Partido Socialista e do Partido Social Democrata.

O que é preciso é colocar o Estado  lisboeta a trabalhar no sentido de identificar as possibilidades de  contributo individuais de trabalho comunitário dos pobres e reformados. 

Nota: por esta dicotomia maniqueísta e utilitarista se pode ver que estes dois partidos políticos não servem, e têm sido a desgraça do nosso país.

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