sexta-feira, 5 de junho de 2015

O Observador e a defesa do super-estado da União Europeia

 

“Por nacionalismo entende-se um grupo de indivíduos que partilham a mesma lealdade a um grupo étnico ou nacional”.

O Nacionalismo é a Guerra (via).


1/

O idiota que concebeu esta definição de “nacionalismo” escreve no Observador — como não podia deixar de ser. Imaginem que eu definia assim “luz”:

“A luz é o movimento luminoso dos corpos luminosos”.

Trata-se de uma tautologia. Por exemplo, outra tautologia só possível em uma articulista do Observador: “o liberalismo é um movimento político e económico liberal a favor do liberalismo político e económico”. E os leitores do Observador, na sua maioria ignaros, batem palmas.

Portanto, a definição de “nacionalismo”, por parte do idiota do Observador, é uma tautologia. Por outro lado, não é possível definir “nacionalismo” sem primeiro definir “nação”:

“Uma nação é uma comunidade natural em que cada indivíduo se inscreve em função do seu nascimento, da existência de uma História, de uma língua e de uma cultura antropológica comuns.”

A nação (e, por isso, a nacionalidade) é, por definição e natureza, imposta ao indivíduo por nascimento. Mas o indivíduo pode mudar de nação e de nacionalidade — é livre de adquirir outra nacionalidade que não a original. Neste caso, o indivíduo tem a possibilidade de escolher entre a nação originária e uma outra nação de adopção que raramente deixará de ser adoptiva enquanto prevalecer nele a memória da cultura e a língua da nação de origem.

Portanto, temos dois tipos de nacionalidade: 1/ a que decorre da comunidade de origem, e 2/ a que pode decorrer de um contrato em relação a determinados princípios fundamentais celebrado com uma determinada comunidade nacional diferente e de emigração.

2/

Napoleão foi o campeão do liberalismo — económico e político. E foi também o campeão das nações: por isso é que Napoleão fez a guerra contra os conglomerados aristocráticos da Europa de finais do século XVIII, destruindo os impérios monárquicos e instaurando as várias nacionalidades europeias. Ou seja, o liberalismo económico e político foi fundado na nação.

Agora está na moda — como se verifica pelo idiota do Observadorser liberal mas contra a nação. Ou seja, a própria origem histórica e conceptual do liberalismo (“liberalismo” no sentido europeu o termo, ou seja, económico e político, mas não no sentido americano) é negada em nome do liberalismo. Esta contradição pode ser apenas aparente — a não ser que o escriba do Observador, para além de idiota, seja estúpido —, porque o que se pretende é diabolizar as nações europeias para que se possa formar uma super-nação: o leviatão da União Europeia sob a égide de um alegado “federalismo”. O idiota observador pretende a criação de uma super-nação sem fundamentos nacionais: mas essa super-nação já é boa!

3/

O idiota identifica necessariamente “nação” e “Estado”.

“O Estado é o conjunto das instituições – políticas, jurídicas, militares, administrativas, económicas – que organizam uma sociedade num determinado território.”

A noção de Estado pressupõe, em primeiro lugar, a permanência do Poder: o Estado apenas surge quando o Poder se institucionaliza, ou seja, quando deixa de estar exclusivamente incorporado na pessoa de um chefe: é esta permanência do Poder que exprime a seguinte fórmula: “O Rei morreu, Viva o Rei!” (por isso é que o Absolutismo monárquico foi contra o Estado).

Em segundo lugar, o Estado pressupõe a “coisa pública”: se o Poder do Estado não pertence a um seu detentor, se não é sua propriedade pessoal (não há tal coisa como “dono do Estado”), é porque define um espaço público, comum a todos. Neste sentido, podemos dizer que qualquer Estado é uma “res publica” (do latim, “coisa pública”), mesmo tratando-se de uma monarquia. Por exemplo, a monarquia inglesa ou a dinamarquesa são “res publicae”.

Para além da confusão entre “nação”, por um lado, e “Estado”, por outro lado, o idiota observador defende implicitamente um super-estado que é a União Europeia — um super-estado sem rosto e sem identificação com uma qualquer nação propriamente dita.

4/

Se tomarmos por exemplo o movimento radical islâmico I.S.I.S., este faz a guerra em nome de um Estado islâmico que não tem uma nação, mas antes é um aglomerado de nacionalidades. Ademais, Napoleão, como campeão do liberalismo, fez a guerra contra os não-liberais do século XVIII. Ou seja, segundo o observador idiota, parece que há uma guerra boa e uma guerra má; e parece que o Estado islâmico faz a guerra porque é uma nação (o Estado islâmico é, alegadamente, “nacionalista”).

5/

Já vos falei aqui do que é o Observador, ressalvadas raras excepções: uma merda.

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