segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

O Naturalismo é o ópio do povo do século XXI

 

“In short, naturalism offers liberation, not from the bonds of superstition but from the burden of rationality.”
Decline in belief in God masks rise in superstition

O Naturalismo oferece a libertação do cidadão em relação ao fardo da racionalidade.

Seria necessário não um Papa exclusivamente preocupado com a práxis e que relega a doutrina e a tradição católicas para um plano secundário (como é o caso do cardeal Bergoglio), mas antes necessitaríamos de um Papa Filósofo, embora mais novo do que Bento XVI (precisaríamos de uma espécie de “cardeal Ratzinger” com menos vinte anos, no papado).

O relativo sucesso cultural do Naturalismo  consiste na inibição que induz em relação ao raciocínio lógico, em um tempo em que se pede à juventude que se especialize em uma determinada área do conhecimento e que não se preocupe muito com a lógica e com o raciocínio inteligente. O slogan politicamente correcto e naturalista segundo o qual “Letras são Tretas”, esconde uma intencionalidade de estupidificação colectiva (a que o blogue Rerum Natura, por exemplo, não está alheio, e daí a minha “sanha persecutória” em relação àquele blogue).

Concentrar a nossa atenção exclusivamente em um pequeno segmento da realidade, através de uma especialização técnica (alegadamente em nome da “ciência”) que exclui qualquer outra área do conhecimento que não lhe seja correlata, é uma tentativa de transformar o ser humano em uma espécie de robô e, por isso, em uma nova espécie de humanóide tendencialmente irracional. E os resultados desta tendência moderna estão aí: em vez da crença em Deus, cresce a superstição (mesmo que não consideremos o darwinismo como sendo uma superstição; mas que é uma crença como outra qualquer, disso não há dúvida!).



Porém, há alguns aspectos do artigo assinado por Denyse O'Leary com os quais não concordo totalmente. Por exemplo, a crença da existência de espíritos não é incompatível com o catolicismo, porque este defende a ideia da vida espiritual após a morte. Seria absurdo e contraditório, por parte da Igreja Católica, que, por um lado, defendesse a ideia segundo a qual existe vida espiritual depois da morte física; mas, por outro lado, afirmasse que não existem espíritos.

O que é, de certa forma, incompatível com o catolicismo é o Espiritismo, e não propriamente a crença na existência de espíritos.
A constatação da existência de espíritos decorre de uma experiência pessoal, e a partir do momento em que uma experiência pessoal de uma hipostasia ou manifestação espiritual ocorra, essa experiência (como outras) é normalmente intransmissível senão através do relato do acontecimento, e pode encontrar uma afinidade cultural colectiva através da intersubjectividade. Portanto, a simples crença na existência de espíritos, à luz da Igreja Católica, não pode ser considerada superstição.

A crença na possibilidade de existir vida (inteligente ou não) em um qualquer outro ponto do universo também não pode ser considerado superstição. É de uma racionalidade básica colocar a possibilidade de existir vida — para além da que existe no planeta Terra — em um universo com milhões de galáxias. Outra coisa bem diferente desta, é a crença em discos voadores (OVNIS).

A astrologia, enquanto não seja uma forma de prognosticar o futuro, mas apenas a constatação do facto de existirem astros para além do planeta Terra, por um lado, e por outro lado, a constatação do facto de que os astros têm influência, por exemplo, na mente humana (por exemplo, o caso da influência evidente da Lua na nossa psique), também não pode ser considerada superstição (ler o que S. Tomás de Aquino escreveu sobre a astrologia, no “Suma Contra Gentios”). Neste sentido estrito, não é racional que se diga que a astrologia vai contra a doutrina da Igreja Católica.



O artigo de Denyse O'Leary revela algumas estatísticas segundo as quais podemos verificar que a diminuição da crença em alguns aspectos da doutrina católica (por exemplo, Jesus Cristo como Deus, a ressurreição de Jesus Cristo, a realidade do Diabo, e a condição virginal de Maria Mãe de Deus) é acompanhada pelo aumento da crença em ONVIS (Cientologia), na astrologia entendida como arte de previsão do futuro, e na teoria da reencarnação que indicia o aumento da influência do Budismo na cultura antropológica ocidental — e isto porque o Budismo é concebido, no Ocidente, apenas como uma filosofia imanente, e não como uma religião que é, na realidade da sua prática popular, tão dogmática quanto o catolicismo: não é possível uma religião sem dogmas, porque os dogmas sintetizam o conjunto de experiências religiosas pessoais e colectivas acumuladas ao longo do tempo.

E estes factos revelam o seguinte: seria necessário não um Papa exclusivamente preocupado com a práxis e que relega a doutrina e a tradição católicas para um plano secundário (como é o caso do cardeal Bergoglio), mas antes necessitaríamos de um Papa Filósofo, embora mais novo do que Bento XVI (precisaríamos de uma espécie de “cardeal Ratzinger” com menos vinte anos, no papado).

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