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terça-feira, 7 de janeiro de 2014

Não devemos confundir liberalismo e relativismo

 

Talvez o maior problema dos “integralistas lusitanos” é o romantismo da doutrina. E “romantismo” quer dizer “império da emoção sobre a razão”. Mas não há nada a fazer: são assim mesmo. Um romântico nunca se muda.

“A propósito, um texto lapidar de João Ameal, visando o liberalismo: " De uma condescendência universal e absoluta, o liberalismo atribui a cada teoria uma parcela de verdade e declara todas as opiniões respeitáveis e legítimas - sem distinguir entre a vítima e o criminoso, entre o escol das competências e a incompetência do Número...

Ora, se todas as opiniões são respeitáveis e legítimas, como havemos de bater-nos pela nossa - tão verdadeira como outra que se lhe oponha? Assim raciocina o liberalismo. Por isso, leva à falta de firmeza nos princípios. E a falta de firmeza nos princípios leva, por sua vez, à falta de segurança na acção.”

O relativismo é tão antigo (pelo menos) quanto o sofismo é antigo; e tentar dizer que o relativismo surgiu com o liberalismo é um sofisma.

domingo, 5 de janeiro de 2014

Fernando Pessoa e o conceito de “Ordem”

 

«Entre os vários preconceitos que salpicam as teses dos neomonárquicos avulta, como grande mancha, o preconceito da Ordem.

A ordem é nas sociedades o que a saúde é no indivíduo. Não é uma coisa: é um estado. Resulta do bom funcionamento do organismo, mas não é esse bom funcionamento.

Evidentemente que por “ordem” os seus defensores não entendem a mera ordem material e ostensiva, aquela que a polícia guarda. Entendem a ordem nos espíritos também, a disciplina íntima de onde resulta o bom funcionamento, físico como psíquico, da engrenagem social. Eles compreendem, de resto, que não há ordem só material, que é nos espíritos que a ordem começa.

Posto isto, porém, há ainda a reparar que o conceito de ordem pode ser tomado em dois sentidos, consoante se entenda que ela existe, ou essencialmente na própria íntima constituição das forças sociais, ou essencialmente apenas no modo de essas forças se manifestarem.

quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Liberdade, autoridade, e o Integralismo Lusitano

 

“O programa do Integralismo Lusitano irradia crença e política: defende a tradição inquebrantável e o culto do passado como os melhores mestres do presente.

Preconiza uma monarquia pré-constitucional, baseada na religião, na autoridade e no corporativismo, é nacionalista, tradicionalista, Católico Apostólico Romano, privilegia a Família, a sociedade e a Nação sobre os membros que a constituem; é defensor da representação corporativa, dos interesses sobre a representação política, subordinador da liberdade à autoridade, do progresso à ordem, do concreto ao abstracto.”

1/ Para que a liberdade seja restringida ou subordinada à autoridade, segue-se que tem que existir uma elite que se considera, ela própria, livre para restringir a liberdade da esmagadora maioria. O problema que se coloca é o de saber quais são os critérios que regem a liberdade dessa elite na imposição das restrições da liberdade à maioria.

Este problema não é de hoje: sempre existiu, desde o tempo de Platão. Em primeiro lugar, temos que saber o que significa “liberdade” e “autoridade”.

sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

António Sardinha e o Municipalismo

 

Com todo o respeito pelo que se diz do Integralismo Lusitano, não é possível defender uma coisa e simultaneamente o seu contrário. Por exemplo, não é possível defender o Municipalismo e, ao mesmo tempo, defender a herança política do Rei D. Miguel (absolutismo monárquico) como fazem os “integralistas” portugueses. Ou são a favor da herança política de D. Miguel, ou são a favor do Municipalismo.

António Sardinha foi uma contradição com duas pernas. Era conforme ele acordava de manhã: num dia defendia o Municipalismo, e noutro berrava contra a monarquia constitucional e a favor do legado ideológico de D. Miguel. Assim não é possível chegar a lado algum, porque um ideário carece de credibilidade, e esta depende de um mínimo de coerência (porque é impossível uma total coerência ideológica).

Eu sou a favor do Municipalismo que, por sua vez, é incompatível com o absolutismo monárquico. Aliás, o absolutismo monárquico é uma “invenção” do movimento revolucionário: surgiu na Europa pelos ideólogos da Razão de Estado contra os defensores (franciscanos) do Poder Absoluto do Papa (Itália, França e Espanha do século XVI), por um lado, e, por outro lado, mais tarde desenvolveu-se na Europa continental (França, Prússia) contra a revolução e contra-revolução inglesas do século XVII (os puritanos Calvinistas de Cromwell contra anglicanos e vice-versa).