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sábado, 26 de novembro de 2016

Traduzir é interpretar; mas interpretar não é necessariamente uma exegese ou uma hermenêutica

 

O Padre Gonçalo Portocarrero de Almada escreveu a propósito de uma tradução da Bíblia de um tal Frederico Lourenço:

« Mais grave é, contudo, a sua tentativa de fazer da Bíblia o fundamento escriturístico de uma moral relativista, a opor à doutrina tradicional cristã que, pelo contrário, se baseia na objectividade e universalidade do bem e do mal. Segundo Lourenço, “uma das frases-chave do Novo Testamento” (pág. 360) é a afirmação de Cristo, reportada por João no seu Evangelho: “Eu não julgo ninguém” (Jo 8, 15).

Se se tiver em conta que Jesus Cristo dá a prioridade ao mandamento novo, que desdobra no preceito do amor a Deus e ao próximo, parece algo arbitrária a relevância dada, pelo tradutor, ao princípio por ele erigido em “uma das frases-chave do Novo Testamento”. Será que, deste modo, se pretende fazer crer que a verdadeira religião cristã a ninguém julga, não propõe nenhum credo de verdades reveladas, não compreende um código moral de condutas a realizar ou a evitar?! Se assim for de facto, o tradutor estaria a insinuar que a verdadeira Igreja de Cristo, ao contrário da católica, dever-se-ia abster de qualquer discurso ou atitude condenatória, em prol de uma teoria e prática subjectivista que, na realidade, se poderia reduzir ao moderno slogan “vive e deixa viver”. »

Em primeiro lugar, é irrelevante que o tradutor considere como vãs superstições ou fantasias, as crenças e as convicções dos católicos e cristãos em geral — se essas crenças influenciam a cultura intelectual ou antropológica a ponto de determinarem a orientação da História. A distinção entre a “subjectividade dos crentes”, por um lado, e a “objectividade científica” do tradutor e investigador, por outro lado, está hoje posta de lado, porque a alegada “objectividade do tradutor/investigador”, pretensamente agnóstico e neutro, não é senão outra forma (em outro nível) de subjectividade.

Em segundo lugar: quando se faz uma tradução (e, portanto, uma interpretação) há que ter em conta a diferença entre “transcrição fonémica”, que é a que transmite a percepção própria dos falantes de uma determinada língua, por um lado, e, por outro lado, a “transcrição fonética” que descreve a interpetação de um som, em detalhe, e em termos técnicos e linguísticos que os falantes dessa língua (muitas vezes) nem sequer têm consciência.

Os Antropólogos adoptaram as terminologias “-émica” e – “-ética” para distinguir o conhecimento ou a experiência dos falantes da língua em uma determinada obra a traduzir (a experiência “-émica” dos insiders da cultura antropológica), por um lado, contra conhecimento científico ou tradução de investigadores externos (no caso vertente, o Frederico Lourenço, ou o “-ético” dos outsiders), por outro lado.

Em relação à cultura bíblica (que tem cerca de dois mil anos), Frederico Lourenço é um outsider.

Este facto não constituiria nenhum problema se os leitores da tradução do Lourenço fossem capazes de distinguir entre os dois níveis de interpretação (a “-émica” e a “-ética”) — o que não me parece o caso: a tradução do Lourenço pretende contribuir (na linha ideológica do papa Chiquinho) para minar dois milénios de cultura “-émica” e antropológica da Bíblia.

domingo, 7 de fevereiro de 2016

O desconstrucionismo evangélico do Frei Bento Domingues

 

O Frei Bento Domingues pega em um trecho do Evangelho de S. Lucas (4,16 a 4,29), elimina a maior parte do texto e reinterpreta o restante (o que ele citou) a seu bel-prazer.

O problema não está na interpretação, entendida em si mesma, que pode ser discutida; o problema é o recorte “à medida” do texto, para que sirva um propósito ideológico distinto daquele que está plasmado no texto original.

O texto completo (de 16 a 29) retrata a psicologia da rejeição, que existe e existiu em todas as épocas desde que o ser humano apareceu à face da Terra, e que é confirmada pela experiência: “ninguém é profeta na sua terra”.

O conceito de “transformação da realidade”, utilizado pelo Frei Bento Domingues no texto dele, supõe o conceito de “fé metastática”, que é a crença segundo a qual é possível mudar a natureza fundamental da realidade. Ao contrário do que defende Frei Bento Domingues, Jesus Cristo nunca defendeu a crença em uma repentina transfiguração da estrutura da realidade e na subsequente emergência de uma ordem paradisíaca no planeta Terra. “O meu reino não é deste mundo”, disse Jesus Cristo; mas o Frei Bento Domingues teima em transformar o mundo, no reino Dele (a imanentização do éschatos)

É certo que o Cristianismo operou uma diferenciação cultural, em relação ao status quo anterior.

Mas essa diferenciação cultural não se baseou em uma “transformação da realidade” — como diz o Frei Bento Domingues —, mas antes baseou-se na afirmação da realidade, em um reconhecimento da existência de uma determinada realidade concreta. Ao contrário do que acontece com a interpretação feita pelo Frei Bento Domingues, a mensagem de Jesus Cristo não era utópica, mas antes era (e é) baseada no concreto, na realidade tal qual ela se nos apresenta: por isso é que Ele resgatou o papel da mulher na sociedade, por exemplo.

Não obstante ter resgatado a mulher, Jesus Cristo não considerou que os papéis do homem e da mulher fossem intermutáveis, dentro e fora da Igreja ou da religião — como defende utopicamente o Frei Bento Domingues —, exactamente porque o desígnio de Jesus Cristo não era utópico: Ele tinha a noção perfeita da realidade em que o ser humano está inserido.

sábado, 6 de junho de 2015

¿Jesus Cristo é de esquerda ou de direita?

 

O Padre Gonçalo Portocarrero de Almada pergunta: ¿Jesus Cristo é de esquerda ou de direita?


“Não penseis que vim revogar a Lei ou os Profetas. Não vim revogá-los, mas levá-los à perfeição.”

— Jesus Cristo, S. Mateus, 5, 17


Antes de mais teremos que saber as diferenças fundamentais entre Esquerda e Direita.

Um indivíduo de direita segue os princípios da cultura ancestral que se baseiam no conceito de “pecado original”. O ser humano é visto como um “anjo caído”, um “animal ferido” na sua origem ontológica, e o objectivo da política é o de suprir as lacunas dessa fraqueza originária humana mediante instituições fortes e que se fundamentem na herança histórica. O indivíduo de direita é um herdeiro de uma civilização, e ao mesmo tempo é o transmissor dessa civilização para as gerações futuras. Para um indivíduo de direita, a tradição é a condição do progresso.

Um indivíduo de esquerda recusa a herança da tradição porque acredita que o futuro é portador de maior felicidade e de sempre crescente liberdade, e considera o passado como limitador dessa felicidade e dessa liberdade. Por isso, para o indivíduo de esquerda, a política significa romper com a tradição em nome do progresso. Para a esquerda, o ser humano é um ser naturalmente bom (o “bom selvagem”, de Rousseau) e sem “pecado original”, que tende pelo sentido da História a um progresso em direcção à perfeição (Historicismo, e o “progresso” visto como uma lei da natureza), sendo que considera os “arcaísmos do passado” são obstáculos a ser removidos em função desse progresso rumo à perfeição do ser humano — e a política é vista como uma forma de libertação desse “passado arcaico”.

Portanto, Jesus Cristo não é de Esquerda; mas também não é da Direita neoliberal simplesmente porque o neoliberalismo não é direita: neoliberais (Locke → Hume → Carl Menger) e esquerdistas (Rousseau → Bentham → Karl Marx) são irmãos desavindos.

segunda-feira, 25 de maio de 2015

Um erro comum na interpretação da Santíssima Trindade

 

Em época de Pentecostes, vem a talhe de foice falar de um erro comum na concepção da Santíssima Trindade: “se Jesus Cristo é Deus”, concluem então os "católicos fervorosos" que “Deus é Jesus Cristo” (se A = B → B = A). Confunde-se o Ser Absoluto com a essência individual de Jesus Cristo. O Padre Pio de Pietrelcina sublinha a dimensão individual de Jesus Cristo, quando disse:

“Quando passares diante de uma imagem de Maria Mãe de Jesus, deves dizer: 'Saúdo-Te Maria!, e saúda Jesus da minha parte'.”

Se Jesus Cristo é Deus, não se segue que Deus seja (o próprio) Jesus Cristo. Significa antes que Jesus Cristo é consubstancial a Deus, ou, em termos simples, que Jesus Cristo é divino [divino = de Deus, ou relativo a Deus] — qualidade que nenhum ser humano jamais teve.

sábado, 19 de abril de 2014

A Ressurreição de Jesus Cristo e a prova científica

 

O Padre Gonçalo  Portocarrero de Almada escreveu um texto que pode ser lido aqui (e aqui, em ficheiro PDF), e que pretende conciliar a “ciência dos factos”, por um lado, com a ressurreição de Jesus Cristo.

Antes de mais nada: ¿o que é um “facto”? É algo que adquiriu uma estrutura na nossa consciência.

“Facto” vem do latim “facere”, que significa “fazer”. Ou seja, um facto é “algo que é feito por nós”. Uma imagem que nós vemos não é mais nem menos o resultado das nossas acções quando comparada com uma imagem que pintamos, um trabalho que fazemos, ou um texto que escrevemos.

A realidade do nosso mundo é um “facto”; mas nós não inventamos os dados (da realidade do mundo) que são interpretados pela nossa mente: esses dados existem por si mesmos — constituem a “realidade em si” — em contraponto à nossa interpretação desses dados que constitui a “realidade para nós”. E, como dizia S. Tomás de Aquino, “a verdade é a adequação do pensamento à realidade”, ou dito por outras palavras, a verdade é a adequação da “verdade para nós”, por um lado, à “realidade em si”, por outro  lado.  No fundo, é esta “adequação” que a ciência vem procurando fazer.

Mas um “facto” não é só apenas aquilo que podemos medir experimentalmente. Por exemplo, os axiomas da lógica não são físicos, e não deixam, por isso, de constituírem “factos”.

E o que é a “prova”? Em primeiro lugar, a prova é intersubjectiva: só existe “prova” se for testemunhada e corroborada. Em segundo lugar, qualquer verificação científica de uma prova é sempre baseada na experiência do passado; e se dissermos que “o método científico se prova a si mesmo”, estamos perante uma tautologia.

Na medida em que o nosso cérebro interpreta a realidade — ou seja, a realidade é construída pela nossa mente —, segue-se que a ciência (que é humana) também não tem autoridade para fazer afirmações sobre “a realidade em si”: a ciência só se pode pronunciar acerca de casos concretos que não foram ainda refutados. E se reduzirmos toda a “realidade comprovada”, aos casos concretos que ainda não foram refutados pela ciência, reduzimos o conceito de realidade a uma condição paupérrima.

Com todo o respeito pela ciência, temos que admitir que o método científico não se prova a si mesmo. E temos que admitir que a Realidade não se reduz aos casos concretos que ainda não foram refutados pela ciência. Portanto, não vejo necessidade de justificar ou provar cientificamente a ressurreição de Jesus Cristo: a distância entre o finito e o infinito é infinita, e a realidade não se pode resumir ao método da ciência. E, se pensarmos assim, e só assim, poderemos conciliar a ciência com a Realidade. Ou ainda, como escreveu Einstein 1:


«¿Acha estranho que se considere a compreensibilidade do mundo como milagre ou como mistério eterno?

einstein webNa realidade, a priori, deveria esperar-se um mundo caótico que não se pode compreender, de maneira alguma, através do pensamento. Poderia (aliás, deveria) esperar-se que o mundo se manifeste como determinado apenas na medida em que intervimos, estabelecendo ordem. Seria uma ordem como a ordem alfabética das palavras de uma língua. Pelo contrário, a ordem criada, por exemplo, pela teoria da gravidade de Newton, é de uma natureza absolutamente diferente. Mesmo que os axiomas da teoria sejam formulados pelo ser humano, o sucesso de um tal empreendimento pressupõe uma elevada ordem do mundo objectivo 2, que, objectivamente, não se poderia esperar, de maneira alguma. Aqui está o milagre que se reforça cada vez mais com o desenvolvimento dos nossos conhecimentos 3. Aqui está o ponto fraco para os positivistas e os ateus profissionais.

A ciência só pode ser feita por pessoas que estão completamente possuídas pelo desejo de verdade e compreensão. No entanto, esta base sentimental tem a sua origem na esfera religiosa. Isto inclui também a confiança na possibilidade de que as regularidades que valem no mundo existente sejam razoáveis, isto é, compreensíveis à razão. Não posso imaginar um investigador sem esta fé profunda.

É possível exprimir o estado de coisas através de uma imagem: a ciência sem religião é paralítica, a religião sem ciência é cega.»


Portanto, a ciência não deve insistir na sua pretensão de exclusividade na aproximação à verdade. O conhecimento científico é apenas um aspecto do Absoluto. Reduzir a toda a realidade, à ciência e à prova empírica, é a maior estupidez que o Iluminismo nos trouxe.

Notas
1. “Worte in Zeit und Raum”
2. a tal “realidade em si
3. conhecimentos científicos

sábado, 15 de março de 2014

A liberdade de Jesus Cristo

 

Este texto do Padre Gonçalo Portocarrero de Almada fala das aparentes “imperfeições” dos milagres de Jesus Cristo. O que parece estar implícito no texto do Padre é que, sendo Jesus Cristo o Logos, ou a Segunda Pessoa da Trindade, essas “imperfeições” dos milagres de Jesus Cristo poderiam ser evitadas.

Porém, as “imperfeições” dos milagres de Jesus Cristo simbolizam o livre-arbítrio do ser humano em contraponto a um determinismo divino na acção do homem.

Porque Jesus era livre, os seus milagres obedeceram a uma lógica de liberdade que implica sempre a existência de “imperfeições”. Se Jesus Cristo não fosse livre, Deus-Pai, através do Filho, faria “milagres perfeitos”, tal qual o Padre descreve no seu texto.

É a liberdade — o livre-arbítrio, no sentido tomista — do homem que o condiciona nos resultados da sua acção. E sendo Jesus nascido e feito homem, não poderia fugir à contingência do mundo sem que alienasse a sua liberdade enquanto (ou na sua condição de) homem. Se os milagres de Jesus Cristo fossem “perfeitos”, Ele estaria a sacrificar a sua própria liberdade em nome de um determinismo que Deus não pretende para a criatura humana. E Jesus Cristo não quis outra coisa senão ser um exemplo de liberdade (que implica o despojamento) para a criatura humana.

sábado, 22 de fevereiro de 2014

Que Maomé era pedófilo, é um facto histórico e não uma mera possibilidade

 

“Jesus é, diante de Alá, igual a Adão, que criou do pó.”

— Alcorão, capítulo 3, 59


“É de saudar este interesse de autores muçulmanos por Cristo, mas é estranho o seu silêncio sobre Maomé. Será que a sua religião, ao contrário da cristã, que reconhece liberdade de pensamento e de expressão teológica aos seus fiéis, não lhes permite opinar em termos teológicos? Ou será que este mal disfarçado empenho em desacreditar Jesus de Nazaré é, afinal, uma acção da vanguarda do proselitismo islâmico no ocidente?”

Padre Gonçalo Portocarrero de Almada

segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

O cardeal Bergoglio, e o conceito de fé e dúvida (1)

 

“O crente sabe como se duvida; o incrédulo não sabe como se crê” — Nicolás Gómez Dávila

No cardeal Bergoglio (aka Francisco I) existe a convicção segundo a qual, a fé, para ser autêntica, deve incluir (implícita ou explicitamente) a dúvida. Esta convicção existe ainda hoje no cardeal expressa através de várias intervenções públicas, mas já existia quando o Padre Jorge Maria Bergoglio se ordenou sacerdote com 33 anos de idade.

“Mais do que razões para crer, há razões para duvidar da dúvida” — Nicolás Gómez Dávila

O que nós temos que saber é o que significa “dúvida” no contexto da fé religiosa; temos que definir “dúvida” neste contexto.

“A fé não é conhecimento do objecto, mas antes comunicação com ele” — Nicolás Gómez Dávila



O conceito de “dúvida”, segundo o cardeal Bergoglio, é semelhante ao conceito de “dúvida” da Nova Teologia protestante de Bonhoeffer (Dietrich Bonhoeffer) et Al. A “dúvida”, neste contexto, passa pelo conhecimento dos desígnios de Deus — é uma dúvida que exige conhecimento, ou seja, é uma dúvida gnóstica. Podemos verificar isso mesmo na homilia que o cardeal Bergoglio concedeu no dia 20 do corrente mês :

Na realidade, frisou, o Evangelho não contém palavra alguma de Nossa Senhora: Maria «era silenciosa, mas dentro do seu coração quantas coisas dizia ao Senhor» naquele momento crucial da história. Provavelmente Maria reconsiderou as palavras do anjo que «lemos» no Evangelho em relação ao seu Filho: «Naquele dia disseste-me que será grande! Disseste-me que lhe darás o trono de David seu pai e que reinará para sempre! Mas agora vejo-o ali», na cruz. Maria «com o silêncio encobriu o mistério que não entendia. E com o silêncio deixou que o mistério pudesse crescer e florescer» trazendo a todos uma grande «esperança».

«O Espírito Santo descerá sobre ti, o poder do Altíssimo cobrir-te-á com a sua sombra»: as palavras do anjo a Maria, disse o Pontífice, garantem-nos que «o Senhor encobre o seu mistério». Porque «o mistério da nossa relação com Deus, do nosso caminho, da nossa salvação não pode ser exposta nem publicitada. O silêncio conserva-o». O Papa Francisco concluiu a sua homilia com a oração para que «o Senhor nos dê a todos a graça de amar o silêncio, de o procurar e ter um coração guardado pela nuvem do silêncio. E assim o mistério que aumenta em nós dará muitos frutos».

Desde logo, a atribuição de um processo de intenções a Maria é um abuso. Depois, o Bergoglio elabora sobre esse processo de intenções que, ao contrário do que ele diz, não tem literalmente nada a ver com a posição assumida pelo Papa João Paulo II na sua encíclica Redemptoris Mater (outro abuso do Bergoglio).

O conceito de “dúvida” do Bergoglio tem origem no conceito decadente de “dúvida” de Kierkegaard que, por sua vez, esteve na origem da Nova Teologia de Bonhoeffer: é uma dúvida existencialista e que exige o conhecimento sobre Deus (gnose). Sem esse conhecimento gnóstico de Deus, o ser humano fica paralisado em função da dúvida que surge por falta desse conhecimento de Deus.

Este erro teve a sua origem em Descartes que dividiu o ser humano em corpo e alma (dualismo): antes de Descartes, para a Igreja Católica e nomeadamente S. Tomás de Aquino, o ser humano era uma unidade integrada e não dividida, sendo apenas potência em acto (Aristóteles).

O Bergoglio afirmou, preto no branco (fazendo um processo de intenções a Maria) que a mãe de Jesus se sentiu desiludida e frustrada com Deus. Para o Bergoglio, essa frustração e desilusão decorre da dúvida dualista cartesiana que ele adoptou em relação à fé católica e que provém da Nova Teologia e do existencialista Kierkegaard.

Introduzir a corrente filosófica existencialista na doutrina da Igreja Católica é uma péssima ideia. Quando dizem que “o papa Francisco I é contra a Teologia da Libertação e contra o Marxismo”, trata-se de uma falácia, porque do existencialismo idealista de Kierkegaard ao existencialismo materialista e marxista de Sartre, vai um passo de caracol: o princípio é o mesmo: a dúvida cartesiana aplicada à metafísica.

domingo, 22 de dezembro de 2013

Frei Bento Domingues, o anão Ranhoso da história da Branca de Neve

 

o-ranhosoFrei Bento Domingues faz questão de dizer que o Pai Natal não existe; ou melhor: faz questão de dizer que Jesus Cristo não nasceu a 25 de Dezembro. Ora, dizem, de facto, que o Pai Natal não existe, mas a ciência do Frei Bento Domingues não consegue provar que uma coisa não existe: a ciência do Ranhoso apenas pode provar que uma coisa existe, mas não que essa coisa não exista.

O Ranhoso atribui grande importância ao dia e à hora do nascimento de Jesus Cristo; e diz ele que o faz em nome da prevenção da mitificação da figura de Jesus, como se qualquer religião não tivesse um fundamento mítico que pressupõe a vivência cíclica do tempo sagrado. Ou seja, o Ranhoso imagina uma religião sem mitos e sem tempo sagrado alternando com o tempo profano. O Ranhoso não sabe o que é religião!

Diz Frei Bento Domingues que os evangelistas e S. Paulo “não conseguiram ocultar o papel das mulheres discípulas” — como se existisse, a priori, por parte dos evangelistas, a intenção de as ocultar. Eis o Ranhoso em todo o seu esplendor!

Em Israel, em que a filiação é, e sempre foi, matrilinear, era impossível ocultar o papel das mulheres, e nem passou pela cabeça dos evangelistas ocultar esse papel. Mas passou pela cabeça do Ranhoso. A ideia ranhosa segundo a qual “os evangelistas conspiraram contra as mulheres da vida de Jesus” é uma ideia anã que corresponde à dimensão espiritual e intelectual de quem defende implícita ou explicitamente essa tese.

Ficheiro PDF do textículo do Ranhoso